Fatores extra-campo atrapalham e falta acompanhamento à Seleção, diz psicólogo

A Seleção Brasileira, nos últimos tempos, não tem tido a estabilidade emocional como uma de suas qualidades. Após o vexame na Copa do Mundo, marcado por choros compulsivos e “apagões”, isso veio à tona nas atitudes de Neymar na partida contra a Colômbia, na Copa América. Em entrevista exclusiva a Márcio Spimpolo e Fausto Favara, da Rádio Jovem Pan, Gustavo Cortes, psicólogo do esporte, disse que falta um profissional para tratar a parte emocional dos jogadores.

“O psicólogo do esporte não é um clínico. Ele é um profissional que vai trabalhar com o rendimento humano, e tem às vezes de fazer intervenções em dois ou três minutos que têm de resolver o problema”, explica. “Os fatores externos realmente podem influenciar qualquer jogador. Se o Neymar está com problemas, ele precisa da ajuda de alguém que lhe dê recursos para gerir isso e estar focando dentro do jogo”.

Na Copa do Mundo, o Hino cantado à capela pela torcida desequilibrou os jogadores brasileiros, diz Gustavo. “O choro dos jogadores mostra que uma equipe está totalmente emotiva e isso vai afetar o rendimento dentro do campo. Você fica sensibilizado quando joga dentro do seu país, com a importância de uma Copa do Mundo para um jogador brasileiro, e isso vai com certeza afetar se não houver o acompanhamento de um profissional”.

Para o psicólogo, o problema é que o emocional foi muito usado na preparação para a Copa. “. A Seleção foi muito utilizada no lado emocional, levaram crianças com deficiências para os treinos, muitos jogadores tinham filhos, existia uma projeção onde essas crianças falavam que queriam ser filhos de um profissional de futebol, então você via os jogadores chorando. Isso criou uma falta de foco no que eles tinham de fazer”, disse.

A questão, agora, é fazer o time brasileiro recuperar a confiança sem seu maior craque, suspenso da Copa América por conta do episódio diante da Colômbia. “Primeiro, é um trabalho que o treinador tem de fazer. O Brasil já ganhou sem o Neymar e ele tem de reforçar isso, que todo mundo tem competência, trabalhar a confiança dos jogadores. Não é uma palestra motivacional que vai mudar essa percepção. Um psicólogo tem de estar 24 horas com a equipe, disponível para fazer o trabalho naquele momento em que o jogador precisar, não quando o treinador achar que ele precisa”, finalizou.

O Brasil terá de mostrar nova postura emocional no próximo domingo (21), quando enfrenta a Venezuela pela última rodada da primeira fase de competição continental.

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